Monday, November 19, 2007

Por que você não cala sua boca, Lula?


Por meio do youtube, o ocorrido durante a 17ª Conferência da Cúpula Ibero-Americana correu o mundo: Hugo Chavez não deixava o primeiro ministro espanhol falar, interrompendo-o a todo instante. O até então discretíssimo rei Juan Carlos I, tomado da fúria dos justos, passou-lhe um pito público – “Por que não te calas?”. O representante da Ditadura de Bananas assustou-se. Logo em seguida, entretanto, lembrou que tinha levado sua claque particular – o terrorista Daniel Ortega e o índio ladrão Evo Morales e, novamente cheio de coragem, retomou os xingamentos...

A anta de Garanhuns – e olha que sou de lá – e aprendiz do feiticeiro venezuelano, balbuciando algo parecido com a língua portuguesa, saiu logo em defesa do ídolo: "Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa, inventam uma coisa para criticar agora; por falta de democracia na Venezuela, não é".

Sei que é difícil traduzir o que vai pela cabeça da anta, mas creio que ela está tentando dizer que a Venezuela é um paraíso democrático. Ao presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Nino Vieira, Lula confidenciou que "Democracia é assim: a gente submete aquilo que acredita, o povo decide e a gente acata o resultado. Se não, não é democracia", disse, acrescentando ainda que na Venezuela, ressaltou, já houve três referendos, três eleições e quatro plebiscitos.

Nunca é demais lembrar que Hitler foi eleito. Aclamações também não faltaram a Mussolini, Stálin, Ho Chi Mim, Mao Tse-Tung e Fidel Castro. O povo, também, preferiu Barrabás... Nada contra a soberania do sufrágio universal, mas a democracia é tão frágil que pode ser usada, inclusive, para destruir a democracia. E causa preocupação ver os olhos brilhantes da anta, observando as manobras totalitárias do seu mestre Chàvez, como a antecipar um sucesso que também deseja pra si.

Ela, a anta, não quer perceber que democracia não é a quantidade de eleições que se faz, antes, é a garantia da efetiva possibilidade da mudança do governante. A urna é o final de um caminho que começa com uma imprensa desamarrada e uma oposição atuante. Debate de idéias e respeito à legalidade constitucional. E, muito principalmente, como dito antes, respeito ao princípio de alternância do poder.

Nada disso é caro ao Chàvez. Nada disso é caro ao PT. Então, antes que durmamos numa democracia e acordemos em uma ditadura, alguém tem que, urgentemente, como o rei Juan Carlos, gritar: “Por que você não cala sua boca, anta?”